ECUMENISMO DE GUETO

 



Eu me aproximei do Movimento Ecumênico no ano 2000 e logo de cara me encantei. De imediato comecei minha militância pelo ecumenismo cristão. Fui vice-presidente e tesoureiro do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs em Minas Gerais (CONIC-MG) e participei de inúmeros eventos ecumênicos. Este ano eu completei 24 anos de serviço ao Movimento Ecumênico pela unidade da Igreja de Cristo. Sempre mantive um ótimo relacionamento com alguns padres e bispos da Igreja Romana e com pastores e líderes de outras denominações. 

Sempre acreditei que a unidade da igreja é vontade de Deus e um mandamento do Senhor para a sua igreja. Não é possível pregarmos o Reino de Deus e vivermos divididos brigando uns com os outros como se fôssemos inimigos. Jesus em sua oração sacerdotal em João 17: 20-21 nos deixou isso muito claro: 

“20Não peço somente por eles, (os discípulos) mas também em favor das pessoas que vão crer em mim por meio da mensagem deles. 21E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste.  (NTLH) 

Pois bem, dito isso, vou fazer algumas ponderações sobre o que percebo no Movimento Ecumênico atualmente. 

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) é uma organização paraeclesiástica composta por Igrejas Protestantes e pela Igreja Católica Apostólica Romana. Atualmente apenas cinco igrejas fazem parte do Conselho - São elas, Aliança de Batistas do Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Presbiteriana Unida e a CNBB, representando a Igreja Católica Apostólica Romana. 

Faço uma pergunta: Por que no imenso universo de igrejas no Brasil, tanto evangélicas, quanto católicas nacionais, somente cinco igrejas fazem parte do CONIC? A impressão que se tem é de que as denominações não têm nenhum interesse em fazer parte do CONIC ou por outro lado não há muito interesse do CONIC que essas igrejas façam parte da instituição. E penso que, pela sua razão de ser, o CONIC deveria ser um espaço ecumênico de inclusão e aberto a todas as denominações. Entretanto, não é isso o que acontece. 

Aqui em BH e em outras cidades realizam-se Cultos Ecumênicos de Formaturas. É sempre uma oportunidade de relações ecumênicas entre a Igreja Católica e Evangélicas, além de diálogo inter-religioso com outras religiões não cristãs. Pois bem, esta oportunidade de testemunho cristão de unidade está ruindo por terra, pois, algumas paróquias católicas de Belo Horizonte e acredito que em outras cidades também, estão restringindo a participação de pastores nesses cultos, permitindo somente pastores das igrejas que fazem parte do CONIC, os quais são uma minoria de apenas quatro igrejas protestantes. 

A impressão que passa é de que estamos vivendo um ecumenismo de fachada, restrito ao gueto dessas cinco igrejas-membros do CONIC, um ecumenismo apenas para “inglês ver”, porque na verdade, não se faz ecumenismo nenhum e nem se fará, enquanto não houver disposição das lideranças do CONIC em sair da bolha das cinco igrejas que o compõe. 

Jesus não passou procuração para nenhuma denominação cristã e, portanto, não existe igreja oficial que seja a única que o represente. 

Vamos lutar pela unidade da igreja, mas sem hipocrisia e sem preconceitos. Igrejas sérias, que pregam o Evangelho de acordo com a palavra de Deus e a doutrina dos Apóstolos de Cristo é uma igreja verdadeira e merece respeito. 

Vivamos o ecumenismo autêntico e a unidade em Cristo. 

 

Por Haroldo Mendes, pastor e jornalista 

 


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