EVANGÉLICOS PRECISAM DE UMA NOVA REFORMA

 

Estamos vivendo em nossos dias o que podemos chamar de barbárie religiosa. A cada semana um novo escândalo assola o meio gospel. Coisas que anos atrás pareceriam impossíveis de acontecer no meio evangélico, hoje se tornam quase rotina. Falo de coisas escabrosas, como pastores envolvidos em pedofilia, abuso sexual, abuso espiritual e violência doméstica.

Além dos escândalos já mencionados, ainda há a banalização do culto a Deus, onde muitos templos cristãos se transformaram em verdadeiras casas de espetáculos e entretenimento. Não bastasse isso, há também o desprezo pela teologia, pelo estudo e por uma pregação que leve os fiéis a refletirem sobre a realidade da vida e os seus dramas. O que vemos é uma espécie de ópio e de pregadores de autoajuda - Verdadeiros coaches!

Temos ainda de conviver com uma igreja totalmente mergulhada em política partidária, de mãos dadas com a extrema-direita e inclinada a impor ao Brasil uma verdadeira teocracia, regida pelos ditames vétero testamentários, bem ao estilo de um talibã evangélico. Prova disso é o sionismo exarcerbado e a idolataria pelo povo de Israel, como se o atual Estado de Israel, comandado pelo sanguinário e extremista de direita Benjamin Netanyahu, fosse o Israel bíblico dos patriarcas e profetas.

Infelizmente meu caro leitor os absurdos não param aqui. Existe uma dita "Bancada Evangélica", que de evangélica só tem o nome, que defende pautas como se ainda estivéssemos na Idade Média e como se o país devesse abandonar a Constituição Federal e abraçar a Bíblia (leia Antigo Testamento), mesmo sendo o Brasil um estado laico e sem religião oficial.

Mas pasmem, o presidente desta mesma bancada evangélica, o deputado federal Sostenes Cavalcante, apresentou o Projeto de Lei (PL) 1.904 - Que equipara o aborto após 22 semanas de gestação, ao crime de assassinato, mesmo sendo em caso de estupro, com penas que variam de 6 a 20 anos de cadeia. Pena esta que é o dobro do que a do estuprador que é no máximo de 6 a 10 anos de prisão.

Os absurdos não param por parte desse segmento evangélico! Há poucos dias o pastor, influencer e músico gospel, André Valadão, presidente da Igreja Lagoinha Global, soltou mais uma de suas pérolas no púlpito: 

"Se a faculdade vai acabar com a vida do teu filho, não manda ele para a faculdade. Não manda! Vai vender picolé na garagem. 'Ah, mas eu não criei meu filho para isso'. Você criou para quê? Para ele ir para o inferno, pô?".

Logo em seguida, o pastor fala especificamente sobre as mulheres. "Criou a sua filha para quê? Para virar uma vagabunda? Ou você a criou para virar uma mulher santa, uma mulher digna de família? Aí ela tem um diploma, é rodada, é doida..." 

Absurdos como esses pululam nos púlpitos de várias igrejas no Brasil como se retrocedêssemos na história pelo menos uns 500 anos.

Quando Martinho Lutero iniciou a Reforma Protestante no século XVI, uma de suas propostas era justamente abrir a mente do povo e libertá-lo das amarras da superstição e do atraso cultural. O protestantismo veio para iluminar as trevas do obscurantismo religioso no qual os cristãos estavam mergulhados naquele tempo.

Hoje mais do que nunca, precisamos de uma nova reforma, precisamos voltar para os princípios da Reforma do século XVI e para a pura e excelente Palavra de Deus.

Oremos pelo Brasil e oremos pela Igreja Evangélica para que ela abandone a idolatria política e se volte para o Senhor Jesus, único digno de toda honra e glória.


Haroldo Mendes - Pastor e Jornalista

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