OS EVANGÉLICOS E A EXTREMA-DIREITA

 


Não é de hoje que as Igrejas Evangélicas Brasileiras estão se envolvendo em política. Até aí tudo bem. Acontece que de uns anos pra cá, alguns pastores, principalmente os midiáticos e detentores de megas igrejas, resolveram entrar de sola em questões partidárias. Pior, resolveram se aliar ao que podemos chamar de extrema-direita. E isso parece que é recente, pelo menos ficou mais perceptível a partir das eleições de 2018.

Nunca antes na história desse país tivemos um presidente tão envolvido com o segmento evangélico como Jair Messias Bolsonaro. Ele, podemos dizer, foi pioneiro nessa façanha. E nem evangélico é.

Nas eleições do referido ano a coisa tomou proporções gigantescas, a ponto de pastores, principalmente os da ala pentecostal, determinar que seus fiéis votassem em Bolsonaro e que a esquerda deveria ser repudiada, sob pena de exclusão da comunhão da igreja.

A partir de Bolsonaro a igreja ficou dividida. Entre os do bem, "patriotas", leia-se a extrema-direita e os do mal, a esquerda, leia-se Lula e PT. Esse maniqueísmo louco e aloprado dos evangélicos tem causado muitos males à igreja. Ora, todos sabem, que o segmento evangélico pentecostal é basicamente oriundo das periferias do Brasil. É gente pobre e preta em sua maioria. E como tais, são beneficiados pelos projetos de inclusão social propostos pelos partidos de esquerda em sua maioria. Vê se daí a sai justa a que estão submetidos os fiéis dessas igrejas. Pois, enquanto eles se espremem nos ônibus lotados para irem para o trabalho e se amargam com minguados salários, seus pastores se refestelam em carrões de último tipo, morando em áreas nobres das capitais e os obrigam a votar em quem sequer olha pra eles.

A Igreja Evangélica virou moeda valiosa e disputada por políticos de todos os matizes. Os pastores, entre eles muitos espertalhões, sabem tirar proveito disso e geralmente para os seus próprios deleites.

O povo de Deus não deveria ser olhado como gado ou moeda de troca de votos. Cristãos, não se deixem enredar por falas mansas e por promessas de políticos interesseiros e nem se intimidem com ameaças de pastores inescrupulosos!

Este ano teremos eleições municipais. Não permita que pastores ou quem quer que seja direcione o seu voto. Vote com a sua consciência e responsabilidade. Vote em candidatos que realmente têm compromisso com os mais pobres e que não estejam ou já estiveram envolvidos em corrupção.

Religião e política não se devem misturar.

Haroldo Mendes

Jornalista








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