TEMPOS DIFÍCEIS PARA A IGREJA EVANGÉLICA

 

Estamos vivendo dias sombrios no Brasil e no mundo. Mas no Brasil a coisa parece ser pior e não anda mesmo bem. Não bastasse a epidemia e o gigantesco número de mortos e infectados pelo novo coronavírus, os brasileiros ainda convivem com uma nefasta polarização política e intolerância de todos os lados. 

E como não poderia ser diferente, todo esse caos chegou até à Igreja Evangélica e tem causado males incalculáveis. E é justamente sobre os reflexos desse caos na igreja que direciono o meu artigo. Me acompanhe por favor.

Já faz um tempo que a Igreja Evangélica Brasileira vem sofrendo de uma grave crise de identidade deixando de lado a tradição protestante. Quem não se lembra do “G12”? Movimento que veio da Colômbia e aportou no Brasil em final dos anos 90. Esse movimento causou estragos irreparáveis em muitas igrejas. Misticismo, divisões, líderes autoproclamados apóstolos da noite para o dia e uma série de outras heresias que deixaram feridas até hoje não cicatrizadas.

O povo evangélico parece que tem predileção pelo inusitado e está sempre à procura de algo novo. São como bebês famintos sempre querendo mais leite. Não contentes com o “G12”, algumas congregações evangélicas partiram para o judaísmo escancarado. Não raro percebe-se em alguns templos a arca da aliança, o uso de menorás (castiçal judaico), pastores e líderes fazem uso do kipá (uma espécie de solidéo, como os que usam os bispos católicos) e até, pasmem, o talit! (um manto que cobre os ombros) Eles mudaram a liturgia cristã tradicional pela liturgia sinagogal. Judaizaram a igreja e assim contrariando o Novo Testamento e as inúmeras advertências do apóstolo Paulo em suas cartas, principalmente sua missiva aos gálatas. Nada contra o judaísmo e suas tradições que são ricas e devem ser respeitadas e veneradas. Mas cada macaco no seu galho. A igreja é a Nova Aliança de Deus com os homens. O cristianismo é uma religião distinta do judaísmo. Jesus nos mostra isso no Evangelho de S. Mateus:

“Ninguém usa um retalho de pano novo para remendar uma roupa velha; pois o remendo novo encolhe e rasga a roupa velha, aumentando o buraco. 17Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se alguém fizer isso, os odres rebentam, o vinho se perde, e os odres ficam estragados. Pelo contrário, o vinho novo é posto em odres novos, e assim não se perdem nem os odres nem o vinho”. (Mateus 9:16-17)

E agora recentemente, a igreja foi invadida por uma liturgia muito estranha à tradição cristã apostólica. Eu me refiro ao estilo de cultuar em um ambiente totalmente cênico, com jogos de luzes no palco, efeitos de áudio visual no telão que ocupa o lugar onde deveria ser o altar e as luzes da nave do templo apagadas criando uma realidade virtual muito parecida com uma casa de espetáculos e não como casa de oração.

Tais fatos acontecendo em quase todas as denominações evangélicas do Brasil e arrebanhando números incontáveis de fiéis para um cristianismo insosso, com deficiência no ensino da palavra de Deus e pior, sem a busca por uma experiência real e transformadora do crente com Jesus.

Lembro-me aqui de uma passagem bíblica muito significativa do Evangelho de S. João:

66À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. 67Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? 68Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; 69e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus”. João 6:66-69

A igreja precisa retornar imediatamente ao seu Senhor. Não serão artes cênicas ou pirotecnias, nem se apropriando de ritos e símbolos judaicos e muito menos moldando a igreja aos padrões do mundo que construiremos o Reino de Deus. Mas será sobretudo, pela ação do Espírito Santo, com vidas transformadas pela experiência com Jesus através da proclamação do Evangelho da graça.

Vamos proclamar as boas novas de salvação e acolher os que sofrem em nossas comunidades de fé. Um novo tempo espera por nós.

 Rev. Haroldo Mendes


Comentários

  1. Boa noite! É realmente uma tendência o uso de luzes, fumaça, nas igrejas. Particularmente, acredito ser um excesso visual e sonoro.

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  2. Você tem razão. Podemos sim ter uma liturgia contemporânea. Mas devemos evitar exageros. Obrigado pelo seu comentário

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