LUTERO E A ALQUIMIA
* Gérson Siqueira -
Neste segundo e igualmente polêmico artigo sobre Lutero, vamos analisar a ligação e a prática do reformador com a alquimia, cujos adeptos buscavam a transformação de metais no desejo de encontrar o tão sonhado elixir da vida.
Estudiosos apontam sua origem já no século III a.C na Alexandria ( Egito) mas ela alcançou seu maior vigor na Idade Média, sendo praticada por católicos e protestantes. Entre os nomes famosos estão o papa João XXII, o já mencionado Christian Rosenkreutz e o mistico luterano Johan Valentim Andreae, autor da obra Núpcias Químicas (1).
A julgar pela quantidade das obras, a participação dos luteranos não foi nada pequena. Além de Andreae, podem ser destacados vários autores protestantes e até mesmo o próprio Lutero, que elogiou a alquimia em opusculo de grande importância (2).
Nesse documento, o reformador afirma , entre outras coisas, que " a ciência da alquimia muito me agrada, e, com efeito, e a filosofia natural dos antigos". Ao final, conclui com fecho de ouro, fazendo uma comparação com o grande julgamento de Deus. " Assim como no forno, o fogo extrai e separa de uma substância as outras partes e arranca o espírito, a vida, a seiva, a força, enquanto as matérias impuras permanecem no fundo....(...) do mesmo modo Deus, no dia do juízo, separará todas as coisas com fogo e fará a separação entre justos e ímpios", diz finalmente Lutero.(3)
Como se viu anteriormente -e ao contrário do que vimos no estudo da Ordem Rosacruz- há provas robustas da participação de Lutero na prática da alquimia que, estranhamente, não figurou de forma substancial no rol dos crimes praticados pelos chamados hereges perseguidos pela Inquisição.
Soli Deo Gloria .
(1) Eliade, Mircea. Ferreiros e Alquimistas, cfe. J.W. Montgomery, 1966.
(2) Idem.
(3) Idem. Cfe. Tischreden ( conversas a mesa), edição de Weimar, I, 1.149.
* O autor é pastor, teólogo, capelão evangélico e também jornalista, com 38 anos de profissão.
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